Nas mãos do artista plástico Máximo Soalheiro, que vive e tem seu ateliê no bairro Santa Tereza, a cerâmica não para no tempo. Um dos mais renomados ceramistas do Brasil, ele entrou para o mundo do trabalho fabricando tijolos, mas percebeu que com a argila e o forno poderia voar para além daquele universo tão concreto. Enxergou beleza no barro, na terracota retirada do forno, nas cores e texturas. Começou, então, a fazer vasos e filtros, para logo depois migrar para a criação de peças decorativas e utilitárias, entre elas, vasos, xícaras e pratos. Com esses objetos, fez exposições em galerias pelo Brasil afora. Ganhou o mundo, e quis mais.
Em 2003, depois de 20 anos de pesquisas, inaugurou a instalação Mineral, integrada por peças em cerâmica, afinadas com alta precisão. Fez delas instrumentos musicais, juntou-se a músicos e criou um concerto que se apresentou em Belo Horizonte, em 2019, com repertório que incluía canções do erudito ao popular. Toda essa rica trajetória, que inclui estudos, pesquisas e, sobretudo um olhar sempre voltado para a arte, será levada ao público na Feira de Cerâmica, que acontece no estacionamento elevado do Mercado Central, em Belo Horizonte, nos dias 9 a 11 de dezembro.
Além de discorrer sobre uma das primeiras expressões estéticas de todas as civilizações, surgida antes do fogo, ele irá falar sobre as múltiplas presenças da cerâmica, como na fabricação de tijolos, telhas, objetos utilitários e obras de arte. E no caso específico do artista, sobre como fazer da cerâmica instrumentos capazes de emitir sons afinados. “O minério produz sonoridade rica. A composição da cerâmica, além do mineral, traz um balanço minucioso de outros elementos e processos de moagem e queima, para resultar no material exato para a finalidade musical”, diz o artista.
O próximo projeto de Máximo Soalheiro é levar novamente o Concerto Mineral aos palcos. Em 2019, o espetáculo foi apresentado no Grande Teatro do Palácio das Artes e na Sala Minas Gerais. “Veio a pandemia que interrompeu as apresentações culturais em todo o país”, conta o artista, que pretende levar o concerto para além dos limites de Minas, por meio de um projeto de lei de incentivo. Os arranjos do espetáculo, dirigido por Pedro Durães, foram escritos especialmente para a sonoridade criada pelo conjunto de instrumentos. O concerto reúne os músicos Bruno Velloso, Davi Fonseca, João Paulo Drummond, Kristoff Silva, Leandro César, Pedro Durães, Juliana Perdigão e Yuri Vellasco.
Nascido em Sardoá, Minas Gerais, antes de trabalhar com a cerâmica, Máximo Soalheiro estudou Música na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Também é tipográfo. Desde 1978, mantém ateliê, não só de cerâmica, mas também de tipografia no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte.
Serviço
O que: 35° Feira de Cerâmica MG – 2022
Onde: estacionamento elevado do Mercado Central de Belo Horizonte
Quando: 9 e 10 de dezembro (sexta e sábado) das 9h às 19h, e 11/12 (domingo) das 9h às 15h
Palestra com Máximo Soalheiro é no dia 09/12, às 15h30
Site: www.feiradeceramicamg.com.br
