Mostra reflete sobre o acesso a cultura a partir da metáfora da constelação e reúne obras de Dri Sant’ana, GlicériaTupinambá, Tiago Gualberto e Shima
No dia 08 de agosto, próxima terça-feira, inaugura a exposição “O céu nos seus olhos” no Sesc Palladium. Com curadoria de Flaviana Lasan e produção da Pública, a mostra reúne os artistas Dri Sant’ana, Glicéria Tupinambá, Tiago Gualberto e Shima que apresentam obras produzidas em estúdio e também criadas especialmente para o espaço.
A exposição apresenta artistas de diferentes cosmovisões e com individualidades que transcrevem uma contra hegemonia, convidando o público a reconhecer outras constelações. A curadora da exposição, para sistematizar/simular uma acessibilidade cultural, apresenta em “O céu nos seus olhos” uma maneira de pensar os infinitos modos de vida, trazendo a condição de constelação. “Este agrupamento de estrelas difere em formas a partir de quem as vê. O céu está presente todo tempo. É sobre o ato de observar e absorver, mesmo ignorando-o, esteve e estará sempre lá”, reflete Flaviana Lasan.
Os trabalhos dos quatro artistas dialogam entre si e com essa constelação. Glicéria Tupinambá (BA) traz a obra “O céu tupinambá – o caminho da anta”, instalação site specific que representa a visão Tupinambá sobre o céu. O que é possível aprender com o céu? “Quando criança eu ouvia dizer que os encantados vinham pelo ramo das estrelas e que era necessário olhar para o céu para saber se ia chover, quanto tempo a chuva ia durar. Então para tudo isso os mais velhos mandam olhar para o céu. Eu não entendia… Eu olhava as estrelas e não entendia que elas diminuem o brilho e aquele diminuir do brilho delas simboliza que ia chover. Quando eu consegui entender que as estrelas tinham essa ligação com o nosso território e com nossos saberes, eu resolvi retomar esse conhecimento. Porque é importante não só retomar o nome, mas a função que elas tem.”, conta Glicéria Tupinambá.
Dri Sant’ana (MG) apresenta a obra “A dança – Muzenza/ Iawô”. A artista aborda especificamente temas relacionados à religiosidade afro-brasileira, e grande parte dos conceitos religiosos tem como elemento o céu. Na exposição, a artista imagina uma constelação dos corpos a partir da condição de quem dança na umbanda/candomblé, tal qual identificando que o corpo brilha ao se expressar. “Assim como a dança da Muzenza/Yawô para que a divindade chegue e permita a iniciação de um filho”, diz a artista. O trabalho apresentado é traçado em algodão cru referenciando os tecidos usados nas religiões de matriz africana.
Tiago Gualberto (MG) exibe as obras “Dots”, 2014; “3-3-3-3-7”, 2013 e “Árvore do Esquecimento”, 2012. Aqui a constelação é vista a partir do projeto da racialidade. Afinal, socialmente, os grupos racializados se agrupam para um levante de tomada dos espaços. As imagens que Tiago traz envolvem, nesse sentido, a própria técnica como aparato imagético de uma leitura cosmológica: constelação é feita de linhas e pontos.
Shima (MG) apresenta um desdobramento da sua série “Entre Montanhas e Vales: Geometria do Vôo” Trazendo a narrativa japonesa e principalmente a popular utilização de origamis na concepção de aviões. A obra de Shima aborda aquilo que passa pelo céu, não só na construção de aviões, mas a ligação do termo voo no sentido de alcance desse espaço. Acessar o céu é possível somente pelo vôo?
A exposição “O céu nos seus olhos” tem produção da Pública, agência de arte mineira especializada em projetos de arte pública e que está na idealização de alguns importantes festivais de Minas Gerais como o CURA e a Festa da Luz. A exposição faz parte do programa Sesc Desvios do Sesc Palladium.
Serviço:
Abertura “O céu nos seus olhos”
Dia 08/08, terça, às 19h.
Local: Sesc Palladium
Av. Augusto de Lima, 420. Centro.
Período da exposição: 08/08 a 19/10
Ficha técnica:
Curadoria: Flaviana Lasan
Artistas: Dri Sant’ana, Glicéria Tupinambá, Tiago Gualberto e Shima
Coordenação de montagem e execução expográfica: Débora Tavares e Denismar do Nascimento
Produção executiva: Lola Peroni
Identidade visual: Paulo Mendonça
Consultoria e montagem de luz: Regelles Queiroz
Realização: Sesc Palladium e Pública