EXPOSIÇÃO NOSSA MODERNIDADE - Santa Tereza Tem
Logo

Agenda

Carregando Eventos

« Todos Eventos

  • Este evento já passou.

EXPOSIÇÃO NOSSA MODERNIDADE

31 out, 2023 as 10:00 20 nov, 2023 as 10:00

Belo Horizonte recebe exposição “Nossa Modernidade”em homenagem a Yara Tupynambá

Além de obras da artista mineira, a mostra expográfica traz uma seleção de mais de 100 trabalhos de 59 artistas de diferentes fases da expressão modernista em Minas e no Brasil, entre eles, Di Cavalcanti, Portinari, Poteiro, Ismael Nery, Tomie Ohtake, Cícero Dias, entre outros. 

O termo modernidade não é uma variante de modernismo, que, no Brasil, designa um movimento específico, que tem até data de nascimento: fevereiro de 1922, com a Semana de Arte Moderna em São Paulo. Claro que marcos desse tipo são simbólicos e pretendem facilitar a leitura da própria História. Mas nesta mostra, por modernidade desejo designar um dado espírito atemporal, mas também e, sobretudo, a produção artística que, partindo daquele modernismo, perpassa o século XX e se prolonga até os dias atuais, contextualiza o curador Olívio Tavares de Araújo.

 “A Semana de 22 foi um movimento da elite paulistana patrocinado pelos barões do café; o pai da própria Tarsila possuía 32 fazendas no interior do estado. Artistas proletários, imigrantes ou filhos de imigrantes, bem menos vanguardistas e que viviam de ofícios correlatos, ficaram marginalizados”, pontua.

Olívio relata que os modernistas “não oficiais” reagiram à exclusão, em 1935, com a criação do Grupo Santa Helena, ao qual pertenceu Clóvis Graciano, um dos artistas presentes na mostra. “A História registra ainda um terceiro momento modernista, que traz a política à pintura. Portinari figura como o grande pintor engajado dos anos 30 e 40, autor de obras de denúncia. Lívio Abramo, outro grande expoente, por fazer gravura, aparece muito menos”, exemplifica.

Se a Semana de 22 dá luz ao Modernismo, pode-se dizer que a primeira Bienal de São Paulo, inaugurada em 1951, representa a data de batismo das tendências abstratas. A primeira a se impor foi a geométrica, estilo representado na mostra “Nossa Modernidade” por Ivan Serpa, um dos precursores no Brasil. Olívio comenta: “existe uma teoria segundo a qual os países latino-americanos, em resposta à entropia tropical e à desorganização (inclusive política) em que vivem mergulhados, possuem uma ‘vocação construtivista’, uma arte ‘limpa’, feita antes com a razão do que com a emoção (objetiva e progressista), mas que estaria mais em sinergia com o momento desenvolvimentista da nação brasileira: a implantação da indústria automobilística, a construção de Brasília, etc.”.

Porém, Ivan Serpa também experimentou, segundo Olívio, o figurativo e, no início dos anos 1960, o que foi nomeado como sua “fase negra”: pintura sem cor, ostentando enormes rostos femininos no mais vigoroso gestual expressionista, terrivelmente deformados, quase assustadores. “Como contribuição à história da arte em Minas, conto-lhes que Chanina ficou vivamente impressionado com uma pioneira exposição em Belo Horizonte da fase negra (tão oposta à sua pintura), veio comentá-la comigo e depois pintou um pequeno quadrinho expressionista, que me deu de presente. Deve ser único em sua produção”, recorda.

Na década de 60, a geometria dá lugar ao abstracionismo informal, também chamado tachismo ou abstracionismo lírico, constituído por gestos e manchas de cores flutuantes no espaço da tela. A força e qualidade do estilo está expressa sobretudo em trabalhos dos nipo-brasileiros Manabu Mabe, Tomie Ohtake e Kazuo Wakabayashi.

Outra revelação da mostra é a arte do italiano Ernesto de Fiori. Pintor e escultor da maior importância, pouco conhecido em Minas, com sólida formação alemã, fixou-se no Brasil em 1936, no exato momento em que o Grupo Santa Helena vinha ao proscênio. Imigrante e fortemente marcado pelo expressionismo, De Fiori tinha mais afinidades com este primeiro grupo do que com os modernistas “oficiais”, cuja matriz era cubista. “

Um dos pontos altos da mostra, segundo Olívio, são os desenhos de Ismael Nery. “Já tão vistos, tão parecidos entre si, e sempre implacavelmente perfeitos. Sabe-se que Picasso exigia da mão do desenhista que cantasse, e é o que a de Nery faz”, comenta. Outro destaque é a coleção de obras da vigorosa figuração dos anos 70, representada por Siron Franco, Roberto Magalhães e João Câmara. “Câmara é o autor da ambiciosa e totalmente bem-sucedida série `Cenas da Vida Brasileira’: dez telas e cem litogravuras com imagens simbólicas situadas no tempo do Estado Novo, que, na verdade, faziam oposição à ditadura militar então vigente”, pontua.

Chamam a atenção durante a visitação, segundo o curador, trabalhos dos mineiros Amílcar de Castro, Marcos Benjamim e Roberto Vieira. Citando o jornalista, poeta e crítico carioca Roberto Pontual: autores de obra “incondicionalmente mineira”. Para concluir, o curador Olívio Tavares de Araújo comenta a homenagem à artista Yara Tupynambá. “Dama das artes de Minas Gerais, eterna artista, Yara Tupynambá trouxe robusta contribuição cultural em toda sua trajetória, seja com a elaboração de grandes murais tombados pelo Patrimônio Histórico, seja pela formação e orientação técnica de artistas e pessoas em cursos de história da arte e também pelo reconhecido trabalho de identificação e valorização dos valores e riquezas de Minas Gerais”.

SERVIÇO

EXPOSIÇÃO NOSSA MODERNIDADE

31 de outubro a 20 de novembro de 2023

De segunda a sexta – 10h às 18h

Sábados – 10h às 13h

Local: Errol Flynn Galeria de Arte

Rua Curitiba, 1862 / Lourdes

Entrada Gratuita

Livre

Errol Flynn Galeria de Arte

rua Curitiba, 1.862, Lourdes
Belo Horizonte, Minas Gerais 30170-122 Brasil

Anúncios