Xenofobia contra o nordestino é tema do espetáculo “Estrangeiro de Mim” que estreia no CCBB BH
Dirigido por Cris Diniz, o espetáculo traz, com humor e poesia, histórias vividas por dois nordestinos, o ator Marcelo Marques e o músico Tomaz Mota, que migram para Belo Horizonte por melhores oportunidades de trabalho e sofrem situações de preconceito.
Todas as sessões contam com interpretação em Libras. No sábado e domingo, as apresentações contam também com audiodescrição.
Crédito: Las Palozas
“No sudeste a gente é o de fora, quando a gente volta, a gente é o que tá fora. Então, onde estamos? Por isso, estrangeiro de mim. Passo a ser então, um ser nômade, um corpo andarilho, porque não estou nem aqui, nem lá”, conta Marcelo. É no clima de confidências como essas que o espetáculo “Estrangeiro de mim” se desenvolve.
O cenário, inspirado nos móveis de cozinha das avós dos intérpretes, todo feito de madeira com puxador de metal, contribui para presentificar memórias e afetos. A luz de cena cria uma atmosfera quente e acolhedora. Neste ambiente de intimidade, os artistas nordestinos Marcelo e Tomaz dividem com a plateia suas vivências na região sudeste. “Quem se sentar perto do palco pode se surpreender com um convite para degustar um cafezinho ou um cuscuz nordestino”, adianta Marcelo.
Além dos ensaios regulares, durante o processo, os artistas também foram às ruas da capital mineira ouvir os transeuntes, com o objetivo de investigar a imagem que o belo-horizontino tem do nordestino, no intuito de sair do senso comum. “Agora tínhamos em mãos mais materiais: referências coletadas nas entrevistas, muitas delas que nos surpreenderam, ou que confrontavam com nossas memórias familiares”, diz Marcelo.
Em cena, o público vai entrar em contato com diversas linguagens e técnicas dentro das artes cênicas. A dramaturgia em tom autobiográfico, a dança-teatro, as máscaras inspiradas no Teatro Balinês, a música tocada e cantada ao vivo, o tom performativo com direito a café passado na hora. Com esses recursos, os artistas convidam os espectadores a adentrar o universo nordestino – do clichê à subversão. “‘A gente é mais do que um repente: são alguns ecos que reverberam no nosso imaginário. Muitas vezes é preciso colocar os clichês, o cômico, mais próximos do humor nordestino, na tentativa inclusive de subverter nossas certezas e florescer as verdades”, reflete Marcelo.
Serviço
Data: 28 a 1º de outubro, de quinta a sábado, às 19h, e domingo, às 18h
Local: Funarte MG (Rua Januária, 68 – Centro).
Todas as sessões contam com interpretação em Libras.
Ingressos a R$20 e R$10 (meia) na bilheteria (dinheiro ou pix) ou pelo Sympla.